sábado, 22 de maio de 2010

MEA CULPA!!!

Caríssimos e Fiéis Percadores,

Quero assumir de joelhos, publicamente e com o lombo riscado a mangaço: sem querer apaguei todos os comentários do Menas Perca!!!

Estava cansado de excluir os spams que recebia o tempo inteiro e resolvi achar uma forma de restringir comentários anônimos... Sabe-se lá a besteira que fiz, mas acabei apagando tudo.

Por favor, não deixem de postar, não apenas gosto como preciso das opiniões de vocês!

Um baita abraço,

Bláh.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Mini-conto da Mulher Obcecada

 

Hoje ela entrou na minha sala com um olhar de quem tem sede, fome, fúria. Passou por todas as mesas sem cuprimentar ninguém, nem mesmo desviou o olhar de mim. Fez a volta em minha mesa rápido como se fosse partir para uma briga e, num puxão de cabelos que dói até agora, me deu um beijo simplesmente obsceno, molhado, desesperado. Depois, ofegante como se acabasse de tomar um copo d'água há muito esperado, secou os lábios nas costas da mão, borrando ainda mais o batom, e saiu caminhando reto, altiva, novamente sem parecer notar nenhuma das caras espantadas à sua volta.
Saiu com um meio-sorriso irônico, debochado, sem-vergonha.
Adorei.
Acho que vou perder o emprego.

domingo, 9 de maio de 2010

Água de Roma

Dia destes ouvi uma história sobre Roma, contada pela minha irmã, não tenho confirmação histórica. Numa busca rápida pela internet não encontrei base sólida, mas não importa - o gancho vem a calhar para o assunto seguinte, que também me foi informado pela Márcia.

Lá vai:

Roma - 2.300 anos atrás.

O sistema de distribuição da água em Roma obedecia um critério interessante - transportada pelos aquedutos, era posteriormente tratada e decantada, para ser estocada em tanques de distribuição com duas saídas, uma num nível pouco mais acima da outra. Uma das saídas fornecia água para as famílias da elite, e a outra para o restante da população. Imediatamente se pensa "o acesso mais alto era o da elite, por conter menos resíduos", e era assim mesmo, só que por um motivo muito diferente e bem mais legal.

O senador que implantou o sistema era um grande conhecedor da natureza humana - a água da elite não era mais pura que a da plebe, já que recebia o mesmo tratamento, mas era a primeira a acabar em caso de seca ou má-conservação do sistema. Foi a forma de garantir que não faltariam verbas para a manutenção, e que se terminasse a água para o povo os gestores poderiam alegar que a coisa estava feia para todo mundo mesmo, que também estavam sem banho, inclusive há mais tempo que todos, ganhando assim alguma simpatia popular e tempo para o conserto ou até seca terminar.

Corta para:

Brasil - época atual.

O Senador Cristovam Buarque (PDT-DF) é autor do Projeto de Lei nº480 de 2007, que tem a genialidade das idéias simples e a simplicidade das idéias geniais. Ele "determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014". Imaginem só: com os filhos de apenas 64.810 políticos das esferas federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal sendo obrigados a estudar em escolas públicas, a Educação no Brasil, para 150.000.000 (faço questão de escrever por extenso: cento e cinquenta milhões de brasileiros) nunca mais teria problemas como falta de professores, greves e todas aquelas falhas ridículas e patéticas que estamos cansados de aguentar. É a versão brasileira para a "Água de Roma"! Se por um lado a aprovação desta Lei admitirá a falta de atenção da classe responsável até então, por outro utilizará de forma honesta a tendência natural do ser humano em cuidar apenas dos interesses próprios e próximos, para fazer algo realmente bom e justo, no mais puro sentido dos dois termos, de um jeito realista e maduro.

O antigo relator, Sen. Romeu Tuma votou contra, mas tivemos a sorte dele sair da CCJ (Comissão de Justiça e Cidadania), sendo a matéria redistribuída ao novo Relator, Sen. Antonio Carlos Valadares, que tem junto com o Sen. Buarque a oportunidade de entrar para a parte limpa da História do Brasil. Por enquanto o relator pediu prazo para que a matéria seja "instruída em data oportuna".

Tudo bem, todos sabem que sou um baita cínico, um idealista que entregou os pontos, não tenho a menor esperança de que tal utopia seja aprovada, mas gosto de imaginar as possíveis consequências em um prazo de, digamos, 15 anos, com os índices de Educação nas alturas e o Brasil sendo usado como um grande exemplo positivo para o mundo.

Já pensou?

Eu já.

sábado, 8 de maio de 2010

Perfil

Fiéis Percadores, ainda tenhos uns três textos mais antigos por terminar, bem superiores a este, que nada mais é do que o perfil do orkut, que resolvi editar, e que acabou maior do que podia caber lá. Transcrevo aqui na íntegra, só para não perder o que curti escrever. Ainda devo um texto bem mais profundo e emocionado para minha amiga Renata Bezerra (http://tantosdias.blogspot.com/), que ainda não faz idéia do efeito que o texto dela a meu respeito fez na minha vida. Espero postá-lo em breve.

“Um novelo de idéias geniais e inacabadas. Com uma imaginação absurdamente ativa, totalmente assombrado com este "espetáculo cheio de som e fúria", escrito por acaso, ainda buscando seu papel.

Vivo pensando em coisas interessantes, inteligentes e criativas para escrever neste espaço, e é claro que chega a hora e as tais coisas se escondem...

Imagino que, como quase todo mundo, eu seja normal à superfície. Lógico que algumas coisas me diferem do todo, pequenos detalhes, raciocínios, circunstâncias que me tornam o que sou hoje. Tenho o pensamento inquieto, por trás de uma geralmente calma expressão bonachona, semi-sorridente, com uma sobrancelha sempre meio levantada por anos de exercício de ironia. Radicalmente me cobro o tempo inteiro sobre pequenas e grandes atitudes que tomo, se agi com ética e honradez, coisas que já eram um tanto românticas e sonhadoras quando foram inventadas, eu sei, mas é assim que me posto frente ao mundo, talvez por pura implicância. O fato é que não vejo mais os meus defeitos com simpatia, como todos tendem a fazê-lo. Às vezes tenho uma queda por certas causas perdidas, talvez por que a noção estética de um gaúcho peitudo enfrentando o universo me seja atraente, heróica, mas não confunda: não tenho vocação para mártir nem sou ativista de coisa nenhuma, acho bom que exista gente assim, mas não é a minha praia, e prefiro que não batam à minha porta, não sei trabalhar em grupo.

Tento ser um bom pai, o mais presente possível na vida da minha filha, sem forçar a barra. Espero que futuramente ela compreenda e perdôe os meus defeitos, para nunca me tornar um super-pai na imaginação e assim viver me procurando em relacionamentos impossíveis e frustrantes. Torço para que os meus defeitos não sejam muitos nem grandes demais, para que ela também não nivele muito por baixo. Acho que ser pai é o melhor e maior sentimento angustiante que alguém pode sentir, é como um outro coração batendo fora do teu peito, sem que tenhas muito o que fazer para protegê-lo, a não ser absorver e se perder no sentimento arrebatador de amor que ele traz.

Sei que a capacidade humana de se superar é infinita, tanto para o bem quanto para o mal. Confio na ciência como ferramenta de crescimento e única luz num "mundo assombrado por demônios", desde que sempre muito bem temperada com ética.

Procuro fazer o bem no anonimato, primeiro por que sei que a gratidão pode ser um grande peso para quem recebe a caridade, segundo por que é uma boa forma de manter a minha vaidade sob controle. Me cobro o exercício de ter virtudes e praticá-las não por esperar uma recompensa, mas por que é o certo a ser feito, e isto basta. Tampouco evito realizar maus atos por temor de um castigo eterno ou coisa parecida. Apenas os evito por que não são corretos. Possuo um imenso respeito reverente pela natureza, pelo universo, tenho plena consciência de minha finitude e insignificância frente ao todo. Impossível olhar para um céu estrelado e não me sentir humilde e maravilhado.

Sou ateu, por que para mim basta que um jardim seja belo, não preciso imaginar que existam fadas escondidas nele, não necessito que existam deuses por trás dos fenômenos, eles já são belos por natureza, sem trocadilhos. Não nego a utilidade da religiosidade apenas num ponto - o de consolo no momento em que se perde alguém amado. O que não a torna verdadeira, apenas bastante útil e confortadora. Tentei muito ter fé, por muito tempo me senti culpado por não conseguir - para isto sempre tive pouca complacência de imaginação e muita noção de realidade, os deuses dos homens possuem mais defeitos que os próprios homens. Até que um dia concluí que não precisava procurar, eles não estariam lá. Muito pior do que a noção de religiosidade, que traz um pouco de atraso e é fácil de ser explicada, é a sua forma doentia: a religião (estabelecida, regrada, instituída). Apóio a noção que as religiões são infecções de idéias, os chamados "memes", que contaminam os humanos desde a infância (quando são mais vulneráveis), sempre procurando atingir o máximo de contágio possível, exatamente como um virus. Seus reflexos mais óbvios são as justificativas para dar vazão aos sentimentos mais primitivos de "exterminar os de fora da tribo", além de graves distorções hiperdimensionadas de amor ao próprio ego e à imagem ultra-idealizada dos pais (desculpa os termos meio ridículos, mas foi o jeito mais curto que encontrei de colocar a coisa). Espero sinceramente que um dia elas se tornem apenas material de estudo histórico, para quem gostar de mitologia, quando a humanidade atingir maturidade suficiente. Não costumo levantar bandeiras com relação a este ponto, mas também não fujo de um bom bate-papo entre amigos, desde que ninguém queira converter ninguém com argumentos emocionais e todos tenham senso de humor suficiente para rirem de si próprios.

No mais, muita leitura, humor refinado, cozinhar para os amigos, beber bem acompanhado, cultura gaúcha, algumas (poucas) séries e programas de tv, uma pitada de boa música e por aí vai.

E aí, vai encarar?

Abraços! “