segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Questões Teológicas

Você já parou para pensar que, se existe Deus, como deve ser terrível ser Deus? Como deve ser infeliz a vida de alguém que sabe tudo, pode tudo, está em todos os lugares. Não há desafios, surpresas, toda a história do universo está clara à sua frente, sem nenhuma alteração. Todos os fenômenos são conhecidos, nenhuma idéia pode ser original. Não poder se emocionar ou decepcionar com a raça humana ou qualquer outra, tudo está definido.
Prefiro pensar que, se existe um Deus, ele não é perfeito. A experiência (constatação de padrões através da repetição de fenômenos) tem me demonstrado isso. Ninguém que pode tudo deixaria uma “filha” ser estuprada, um “filho” passar fome, ou ficar imóvel vendo uma criança definhar com câncer, principalmente se ele é, como alardeiam os de algumas religiões, feito de Amor. Não, ele não pode ser perfeito, nem se importa tanto assim conosco. Se importasse, ligaria de vez em quando, deixaria recados claros da sua presença, não vagos “sinais” somente “interpretados” por pessoas que, geralmente, acabam tirando proveito disso.
Dizem os “sábios”: “As palavras de Deus, seus gestos e desígnios são complexos demais para a limitada mente humana”. Quem decidiu por mim que estes desígnios são complexos para meu diminuto cérebro? Posso dar pelo menos uma olhadinha no índice? Um ser inteligente saberia se fazer entender claramente, mesmo por criaturas estúpidas como os humanos, diminuindo-se como “o Oceano, que é grande por se colocar um pouco mais baixo do que todos os rios”.
Descartes dizia que a simples noção de perfeição na mente de seres imperfeitos como nós era o sinal claro de que Deus existia, como uma assinatura deixada pelo artista, por que para algo ser perfeito, necessariamente deveria existir, senão possuiria um defeito: o “não existir”. Penso que um ser perfeito não conseguiria criar algo imperfeito, mesmo que desejasse, como a maldição do toque de Midas, já que, num átimo temporal, necessitaria primeiramente pensar em algo perfeito, para logo após lhe acrescentar defeitos, reduzir suas capacidades, deixá-lo “humano”. Ora, se este algo perfeito foi criado ou pensado antes dos defeitos serem-lhe acrescentados, o algo necessariamente preveria a possibilidade de falhas e as anularia assim que fossem instaladas, impossibilitando a criação imperfeita por um ser perfeito.
A idéia de um ser embebido em Amor também não é das mais agradáveis. Se ele sente Amor, só pode ser por ele mesmo, já que tudo saiu dele. Narcisista, eternamente afundado no lago inebriante de sua paixão própria, parece a imagem de um drogado ou alcoólatra, chapado até a alma, auto-suficiente, embevecido com a beleza das alucinações na sua mente. Deve ser difícil mesmo escutar um pedido de ajuda de uma “filha”, ou “filho”, num estado desses.
Tampouco pode ser alguém empreendedor, pois as leis universais são auto-reguláveis, sendo desnecessária a revisão periódica, a reunião mensal, a definição de novos rumos, táticas para agradar aos clientes.Se ele existe, e possui raciocínio lógico, sua existência deve ser o seu martírio. Pensando assim (se assim for), acho que me atrevo a sentir pena de Deus. Será que ele deixa?

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

ABSURDOS

Acabei de assistir na televisão uma coisa que fez a humanidade cair um pouco mais no meu conceito: um agricultor da Bahia se revolta contra o deputado que havia prometido instalar eletrificação rural na região do seu sítio e, vinte e cinco anos depois, resolve tomar uma medida drástica: muda seu voto! Que me perdoe o Código Penal, mas o ideal seria ir até a Assembléia Legislativa e dar uma surra de relho de cola de tatu no lombo do deputado, e depois no agricultor! Afinal, o que mais me indignou foi o fato de que só depois de VINTE E CINCO anos, o tal eleitor muda o seu voto. Na ponta do lápis: um deputado estadual tem um mandato de quatro anos, caso o digníssimo deputado tenha sempre se reelegido, o cara votou, no mínimo umas seis vezes no mentiroso!!!
Tive em Bagé, no curso de Direito, um professor que defendia a idéia de que, sob determinadas circunstâncias, a vítima era tão culpada quanto o criminoso. Ele citava o exemplo do cara que é assaltado ao passear por uma rua sabidamente mal freqüentada e pouco iluminada, contando uma quantia de dinheiro em voz alta. - Quer dizer, esse “tá pedindo!” - dizia o mestre. É o mesmo caso do eleitor que não confere o que o seu político faz com o dinheiro público, seja ele do legislativo ou executivo. Esse também “tá pedindo”.
De quem é a culpa? Do político que percebeu que, mesmo não cumprindo nada, sempre poderia contar com a eterna paciência do, no mínimo ingênuo (para não dizer otário), eleitor, ou é do “pobre votante” que viu a sua confiança desmoronar eleição após eleição após eleição após eleição após eleição após eleição(ufa!), por um período maior que um terço da vida média de um brasileiro? E a criatura sempre no escuro, até hoje sem luz em casa!
Dá até para fazer um filme sobre a corrupção na política como resultado da pasmaceira dos eleitores. A cena final seria linda: o Eleitor chocado com a falta de seriedade do Político se revolta e solta um grito de dor e fúria com os braços erguidos para o céu em meio a uma tempestade, (com a câmera dando um giro de 360o em torno do furioso, pegando detalhes do rosto alterado pela luz dos relâmpagos). Na seqüência, o Eleitor saindo com um sorriso confiante da urna eletrônica, achando que fez justiça um quarto de século depois.
Corta para o político recebendo a notícia, de um de seus entristecidos assessores de que não foi reeleito. Faz uma cara de quem diz “é, a vida é assim mesmo”, prepara as malas e vai viver em Miami com o dinheiro de vinte e cinco anos de desvio de verbas da eletrificação rural. Lindo não é?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PARA NOS ENTENDER UM POUCO - 2

O gaúcho tem a fama espalhada pelos quatro cantos do mundo de ser gritão, grosso e metido a macho, (inclusive daí vem a sátira oposta, a do gaúcho com toda a aparência de macho, mas completamente gay, figura que comento em outra crônica, ainda por terminar), mas sustento uma teoria de que não é bem assim.
Vejamos: quando passava as férias em São Sepé, nas conversas e brincadeiras com a “primalhada”, o pessoal dizia que eu falava muito alto, era muito estabanado, o mesmo ocorria com minha irmã Márcia. Foi quando percebi que realmente nos expressávamos alguns decibéis além do necessário e do suportável pelos tímpanos dos nossos primos. Atendíamos então às súplicas da turma e baixávamos o volume. Terminado o período de férias, ao voltarmos para Bagé estranhávamos como todos realmente falavam aos berros.
Anos depois, uma professora, cujo nome infelizmente não lembro, apresentou a interessante explicação para este fenômeno sonoro, sua teoria era de que o pessoal da fronteira falava desta forma por assimilação do tratamento militar à época da colonização daquela região do estado, em que o índio, o português e o espanhol muitas vezes criaram comunidades em torno dos acampamentos e quartéis militares, absorvendo o modo militar alto e claro, quase rude, de falar. Portanto, quem costuma realmente falar mais alto é somente o gaúcho fronteiriço, ainda assim, isto não se tornou obrigatoriamente uma regra.
Existem outras teorias, é claro, uma delas particularmente atraente é a de que na imensidão do pampa, para ouvirmos e sermos ouvidos, temos que falar alto devido às grandes distâncias. Outra diz que falamos assim porque só estamos acostumados a tratar com o gado, que não é um ser muito atento e compreensivo, bobagem, é claro. Infelizmente, acredito mais na primeira explicação, que apesar de ser menos romântica é a mais plausível.
Quanto à fama de grosso, de mal-educado, é um total absurdo, discordo totalmente. Só quem nunca foi a uma estância pode dizer que o gaúcho é grosseiro. Principalmente os peões, que são os mais puros representantes da cultura gaúcha, tratam de seguir rígidas regras de tratamento, algumas já caídas em desuso até nas mais tradicionais sociedades aristocráticas do Sul.
Nunca um peão entra num recinto fechado de chapéu, nem chama alguém por “Tu” sem ser íntimo da pessoa, nem jamais conta uma piada ou um chiste na frente de estranhos. Até mesmo entre os peões existem modos de tratamento que traduzem uma educação tosca em letras, porém rica em refinamentos e rituais sociais, um pouco distorcidos pelo tempo, absorvidos da antiga aristocracia rural. Chamar o decano entre os peões pelo tratamento respeitoso de “Tio”, referir-se sempre aos que já morreram pelo título de “finado” ou “saudoso” antes do nome são apenas alguns exemplos.
Um amigo disse-me certa vez: “Sou tradicionalista uma barbaridade, mas não me venham com grossura que eu salto fora! Chamo todo mundo por senhor e peço licença antes de entrar até em chiqueiro de porco”.
Aqueles que criam a fama de grosso do gaúcho são geralmente jovens de classe média alta que se caracterizam de campeiros sem, no entanto, conhecerem a cultura gaúcha, aproveitando as belas festas realizadas para darem mostras de sua fraca compreensão, criando arruaça e “gritedos”, enfim, fazendo fiasco, simplesmente achando no movimento tradicionalista um bom modo de chamar a atenção, um modismo passageiro em que o “modista” passa, mas a fama negativa fica.
Quanto à terceira afirmativa, de que o gaúcho é metido a macho, que me desculpem os muito delicados, mas é a mais pura verdade.Não se trata de bairrismo ou ufanismo. Apesar de civilizado, ele ainda carrega aquela raiva fria que herdou dos terríveis colonizadores espanhóis, famosos por suas atrocidades com os inimigos, fossem eles índios, portugueses ou quaisquer outros. Esta energia bruta tem seu lado positivo ao ser transformada em fonte de inspiração para o trabalho, é reservatório inesgotável de energia, porém, se despertada para a “peleia”, é capaz de atos bárbaros e desumanos como nos contam as histórias das degolas nas muitas revoluções e guerras pelas quais passou aquele estado, em que degoladores como Adão Latorre são até hoje lembrados e muitas vezes reverenciados.
Que fique como exemplo o caso da avó do Luciano, amigo meu. A velhinha deve ter uns oitenta anos, encolhidinha e de fala lenta e calma como uma avó deve ter. Pois a velhinha estava falando mal de um vizinho da estância da família, homem de má índole e mau caráter, e surpreendeu a todos na sala quando veio com esta sentença, com a calma de quem explica um ponto de tricô: “Aquele lá, meu filho, tem que pegar e arrancar o olho dele com uma colher!” Provando que macheza, como sinônimo de coragem, não tem sexo nem idade. Oigalê Vozinha!!!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Para nos Entender um Pouco

A primeira pergunta que sempre se faz para um gaúcho quando não agüenta mais ouvir ele discursar sobre as vantagens e maravilhas do Rio Grande é: “Mas afinal, por que você saiu de lá?!” Geralmente a resposta é dada em tom de deboche, com um certo ar de superioridade : “Por que onde tem muito gaúcho, ser gaúcho não é vantagem!!”
Brincadeiras à parte, esta afirmação tem um pouco de verdade. Calma, não me entenda mal, não quero dizer que somos super-homens de bota, bombacha e bigodão ou algo parecido, mas que o nosso querido estado está saturado de mão-de-obra especializada, com um mercado agressivo em que não basta competir, é preciso possuir um diferencial (palavra muito em moda por lá), algo que ainda não tenha sido pensado pelos concorrentes e que, ao ser usado, será certamente imitado por todos, deixando logo de ser novidade, abrindo espaço para que outra idéia inovadora seja criada, imitada, e assim por diante, num eterno canibalismo comercial.
Acha que eu estou exagerando? Tenta criar um negócio em Bagé! Inaugura uma loja em Porto alegre! Abre um escritório no Alegrete! É muito difícil entrar no mercado do Sul justamente por que lá tudo já foi feito ou inventado, que até criatividade e paciência têm limite.
Então a gauchada, para evitar ter de agarrar cliente à unha na rua e jogar para dentro da loja, se toca para o Norte, promessa de futuro, com um mercado absorvente, em que a peleia pelo consumidor ainda não é a tapa, podendo produzir, vender e crescer sem perder o sono. Com a vantagem também de aqui ter água de coco e tapioca, e a desvantagem de não ter lareira nem o Galpão Crioulo no domingo.
Outra coisa que me chamou a atenção foi o alto grau de “engauchamento” do pessoal do Sul por aqui. Parece que quanto mais longe o gaúcho fica de casa, mais gaúcho ele fica, mas tem gente que exagera: tem índio que nunca disse um “buenas” na vida e anda falando mais grosso que ronco de maverick, ouvindo Mano Lima e decorando os cortes da vaca para parecer que entende de churrasco.
Esta é uma das mais interessantes facetas do pessoal do pampa: o gaúcho é um baita sentimentalista! Embora nenhum goste de admitir para não ser confundido com, digamos, outra coisa (não me animo a escrever o termo para não levar uma sova), são todos pessoas com coração de ouro, que por trás da fachada de machaõ insensível escondem uma alma de poeta que se engasga por qualquer coisa. Duvida? Experimenta colocar uma música gaúcha dessas que falam do Rio Grande ou uma poesia do Jaime Caetano Braum e cuida se o vivente não fica com olhar meio parado, suspirando que nem gaita velha furada.
A verdade é que gaúcho não corta o cordão umbilical – ele estica – fica sempre ligado com a terrinha. O sonho de todo gaúcho é voltar para o Rio Grande, só que depois de um certo tempo, ele vai passar uns dias por lá e não acha o frio tão bom assim, congelando o nariz e as orelhas, acha falta da rede embaixo do pé de cajueiro, os parentes que moram lá fazem troça do sotaque “cantado” que ele sem perceber “pegou”, vai pescar e só tira traíra ou jundiá que, apesar de saborosos, não têm a majestade do dourado ou brigam bonito que nem o surubim, e quando o qüera se dá conta ele está sentindo falta de ver um pouco de floresta grande, de pescar no “Madeirão”, de ouvir algum amigo do norte soltando um “vixi!” de exclamação por qualquer coisa. E quando o gaúcho assustado percebe, está com saudades do Norte, que lá nem é tão quente assim, afinal já inventaram ar condicionado e suco de caju e que o forró é tão bom quanto uma vanera. Descobre, entre triste e conformado, que o Rio Grande dele mora nos seus sonhos e dentro do seu peito e só é bom visitá-lo no durante poucos dias por ano. No verão.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Tudo Era Tão Claro

Antes, tudo era mais fácil. Eu acordava, te beijava e ia para a forja. Ainda sinto o cheiro da madeira começando a queimar, do forno começando a aquecer, do pão com azeite comido junto ao fogo. Escolher o metal, aquecer, moldar. Eu era o deus forjador, criando obras para matar. Cada martelada era como um carinho bruto, um desejo de luta, um medo de te deixar.
Ah, como era simples! Eles eram os maus invasores e nós os bons e terríveis vingadores. Vieram de longe, andando por aí, roubando esperanças, vidas, alegrias. Não chegaram até nós, mas chegaram muito perto. Perto demais. E o ódio frio nos cegou quando vimos do que eram capazes. Não foram mal recebidos, de acordo com o nosso costume, mas mesmo assim fizeram tudo aquilo.
Eles não sabiam que preparávamos um revide. Eu era um dos que mais apoiava e estimulava os nossos. “Não podemos deixar que venham e vão impunes! Hoje são nossos vizinhos, amanhã serão nossos filhos!”. Doava todo o meu tempo para o preparo das armas, mas nunca deixei de te beijar, companheira, amada.
Havia três gerações que não lutávamos, e ficaríamos mais treze de bom grado, mas nos provocaram. Cada arma levava um pouco do meu ódio, filhas terríveis, frias, querendo se aquecer em corpos recheados de sangue quente, penetrar até o profundo negro do coração dos malditos e lá dentro gritar bem alto que este lugar é nosso e ninguém pode invadi-lo e sair vivo.
Lembro-me da última noite antes de sairmos atrás deles. Nossa fúria amorosa, desespero, meu cheiro em ti e teu cheiro em minha alma, com uma morte intensa, quase dolorida, eu chorei. Naquela época só tu podias me ver chorando. Não era medo, era saudade do que eu não havia perdido, do teu riso, teu olhar não-domado, desafiador; e de raiva da audácia deles em pensar que poderiam invadir nossas vidas e ficar por isso mesmo. Eles pagariam.
Beijos, gritos, piadas, todos mentindo, menos teu choro, que me dando adeus dizia que a batalha seria difícil, quase impossível voltar. Disfarcei minha dor com um largo sorriso e te disse que já voltaria, como se estivesse indo até o rio dar um banho no cavalo. Quase imediatamente após sairmos, todos mostraram a verdadeira face preocupada, discutindo como chegaríamos até eles. Quinze dias seguindo rastros, alguns difíceis, outros ensanguentadamente claros. Juntando homens indignados pelo caminho, formamos um grupo grande, foi quando percebi que estava liderando o grupo.
Todos me consultavam sobre quando comer, dormir, que lado seguir. Na época pensei que o nosso deus da guerra havia tomado meu corpo, hoje sei que era o entusiasmo da caçada e o desejo de terminar logo e voltar para ti.
Eles eram muitos, diziam nossos batedores. Nos aproximamos devagar, fazendo a volta pelas árvores, tremendo com o nervosismo da luta, sentindo o cheiro de morte próxima e rezando para que fosse da morte deles. Desci do meu cavalo, contra o conselho dos amigos (sou melhor no chão, disse a eles) e, a um sinal meu, caímos sobre eles como animais loucos. Dei o exemplo, fui à frente, atingindo tudo que se movesse, gritando como um demente.
Não me orgulho do que fizemos, mas até hoje meu coração salta do peito ao lembrar daquilo. Meu braço era forte, tu o sabes, mas impressionou aos que estavam perto quando desceu sobre um deles que vinha correndo contra mim e esmagou seu grito com o mesmo peso que forçava o metal a tomar forma na forja. Aquilo foi um incentivo para todos, que lutaram com tal fúria que mesmo os feridos eram como leões, quanto mais machucados, mais perigosos.
O som terrível do aço batendo contra aço-osso-carne! Um golpe defendido, um chute, uma cabeçada (sou bom nisso!), giro, grito, ataco de novo, outra morte vingada. Chuto com raiva, pelos amigos que não puderam se defender. Enlouqueço e todos junto comigo também. Devia estar terrível, desfigurado, pois me lembro das faces apavoradas dos inimigos e amigos ao me olharem. Não vi quando acabou, só queria matar mais e mais, deus faminto, rouco, sujo e ferido. Contaram-me que cinco dos nossos tiveram que me agarrar para arrancar-me de cima do corpo de um maldito que, já sem vida, era uma massa desfigurada por minhas mãos nuas. Dois dias depois voltei a mim, amarrado, dolorido e tonto de fome. Fui saudado por todos com um medo reverente. Daí surgiu a lenda de que o deus lutou por nós, bebendo todo o sangue do inimigo, gritando palavras de poder pelo campo de batalha, chorando de alegria e fúria por tomar vidas.
A volta para casa! Voltei para ti, amada! Amigos que não voltaram, mulheres sem homens para abraçar, a alegria de chorar estas tristezas nos teus braços! Longos anos demoramos naquele beijo, todos os dias renovado várias vezes, até que, um dia, me deixastes, minha luz. Filhos, netos, amigos, nada importava mais do que teu olhar (fantástico!), nunca totalmente domado, sempre com um tempero de afronta, somente serenado com um sorriso meu. Como meu sorriso te transformava! Sabias que eu compreendia tua natureza selvagem e bebias em minha calma o amor sereno, enquanto eu tomava emprestado de ti a força, e nos completávamos.
Não viveste para ver nosso povo começar a negociar com aqueles malditos. Tempos mudam, dizem todos. Hoje, ninguém presta atenção ao velho que vive à beira do fogo (só teu calor me aquecia), contando antigas histórias do que eles fizeram aos nossos. Alguns ainda respeitam a figura do líder do passado, fera sem garras, mas acham que eu minto, e às vezes, chego a pensar que estão certos, que nunca houve luta. Nos poucos dias de sol (como o sol brilhava contigo aqui!), saio e vejo os malditos andando orgulhosos por nossas ruas. Às vezes, visito algum velho amigo, fantasma branco do passado colorido, e ficamos a alimentar nossos desgostos à beira do fogo (é sempre frio agora), até não suportarmos mais nossa amargura com estes tempos, nossos filhos não são homens, nossas filhas prostitutas, nossa gente se entregou.
Volto para casa (teu jardim morreu), para o fogo, que já não aquece, para a comida sem gosto (que tempero usavas?). Até hoje, juro, tento te enlaçar pela cintura, dormindo. Acordo e fico sem sono (não me chamavas de dorminhoco?), sem lágrimas, relembro de nós até o amanhecer, mais um dia sem ti. Mas tenho uma idéia que me alenta: é menos um dia sem ti! Espero desesperadamente pelo teu beijo, abraço apertado, meu sorriso no brilho do teu olho – meu deus, o som da tua risada! Penso nisso e me perturbo, minha garganta aperta, me afasto de todos, choro e chamo baixinho:Vem me buscar, meu amor!!!

domingo, 8 de fevereiro de 2009

GENÉTICA

Estava na sala de espera do dentista, lendo uma revista de divulgação científica, quando me deparei com uma entrevista de um famoso geneticista dizendo, entre outras coisas, que o DNA do ser humano é setenta por cento idêntico ao de uma abóbora. Fiquei tão chocado que nem precisei de anestesia para o tratamento de canal. Com o rosto inchado, fui para casa mastigar o assunto, (não dava para morder nada mais sólido), preocupado.
Não dormi naquela noite. De manhã bem cedo corri até o Claus Pich, um trator amigo meu, faixa-preta em genética, e exigi uma retratação pelo desaforo do colega dele. O Claus não só não se retratou como confirmou a notícia e, na delicadeza que lhe é peculiar, me jogou porta afora, que aquela não era hora de acordar gente decente.
Meu Deus! Por que aquele cientista desgraçado nos comparou com uma abóbora? Por que ele não nos comparou com um macaco, um vírus ou, sei lá, um vendedor de seguros? Uma abóbora para mim é um ser amorfo, sem idéias, que abriu mão de virar árvore para ficar se bronzeando no chão, sem se preocupar com as formigas ou roedores, e paga o preço até hoje. É como o gordo que sempre fica para trás nos filmes de terror e é pego por não conseguir correr tão rápido quanto os outros (você nunca verá uma abóbora conseguir fugir de qualquer inimigo que seja). Uma criatura gulosa que preferiu não ter tronco para só criar barriga e que só não se extinguiu por que nós gostamos de cozinhá-la. Já pensou ter de depender de outra raça por que gostam de cozinhar você? E vem um cara desses e diz que eu tenho que chamar uma coisa dessas de prima!
Depois de engessar as costelas (o Claus não costuma abrir a porta antes de arremessar alguém por ela e geralmente erra o primeiro arremesso), fui pesquisar o assunto e descobri que não só partes de seqüências de genes são idênticas em todos os seres, como também a essência material, o cimento de que todos são feitos é o mesmo. Teoricamente, se pegarmos a célula de qualquer ser e a modificarmos um pouquinho, teremos outro ser diferente, até mesmo um humano, talvez até um corretor de seguros!
A Genética veio para dar o tiro de misericórdia no peito do “HOMEM, O ser-mais-evoluído-da-natureza”, que havia levado seu mais duro golpe do carrancudo Darwin, com aquela história do macaquinho nosso avô. Se o Darwin ficou com aquela cara por descobrir nosso parentesco com os primatas, imagina como ficaria se soubesse que somos quase cultiváveis em canteiros!
Debati com alguns amigos sobre o assunto e o Fernando me sugeriu uma teoria interessante: que a transformação já existe e que tem gente solta na rua que não descende de outro ser humano, mas de certos tipos de legumes ou animais exóticos. Por que só o fato de existir Engenharia Genética justificaria a existência de alguns seres, como os fabricantes de espanadores ou os estudantes de psicologia. Já pensou descobrir que o seu chefe foi produzido a partir de uma célula do nariz de uma anta? Ou que a mulher do seu vizinho é um quiabo que virou um pé de couve e, mesmo assim, ele casou com aquilo?
A repercussão na nossa vida seria terrível, com problemas psicológicos irreversíveis do tipo ”Complexo de Édipo – Categoria: batata” - como impedir o cara de comer o equivalente à sua mãe no almoço?
Definitivamente, preferiria viver no tempo em que a terra era chata e centro do universo, tratamento médico era na base da sangria e vomitório, que só não matava por pura sorte, e se alguém dissesse “tua mãe é uma vaca”, estaria se referindo ao caráter e não à forma original da genitora.
Não sei para onde este mundo vai, mas acho que não quero ir para lá. Agora, toda vez que digo algo, caio numa gargalhada histérica. Quando me olhei ontem no espelho, estava com o olhar parado, vazio e com uma cor esverdeada na pele. Ou confundi o espelho com a foto de uma abóbora.

Curso

Apresentamos agora o mais inovador curso da atualidade: o SPG!

O que é o SPG?
É uma revolucionária forma de, sucintamente falando, não dizer absolutamente nada no máximo de palavras possíveis e ainda convencer sua platéia!
O que significa a sigla SPG?
É a sigla criada pela Pombo&Taube Corporation para “Saltos, Pulos & Gambetas”, simbolizando o ato de desviar de assuntos desconhecidos ou indesejáveis. É a fantástica síntese de atitudes do enrolador moderno. Sua fórmula consiste basicamente de conhecimentos adquiridos através das mais variadas situações de tensão, nas quais se espera que o narrador fale algo significativo, embora este não faça a menor idéia do assunto em questão. É aí que entra o SPG, dando suporte para um discurso extenso, variado, profundo e até emocionado, sobre algo vagamente compreensível, deixando a platéia com aquela sensação de que se está falando algo muito importante, mas que aquilo escapa de sua compreensão.
O SPG não deve ser confundido com jogo de cintura, ou qualquer expressão que traduza o talento de organizar situações embaraçosas. O SPG não organiza nada, só complica. Inclusive, uma das suas maiores características é criar uma confusão mental tão grande no interlocutor que o impeça de pensar com clareza, impossibilitando-o de esclarecer qualquer ponto obscuro da conversa. O principal objetivo é salvar a situação do ridículo, virando o jogo com apenas pura conversa fiada.
Executivos de ressaca que esquecem do conteúdo da palestra que irão apresentar, maridos que passaram uma semana fora de casa e retornam vestindo fantasia de legionário romano, empregados pegos em situações escandalosas na frente de um computador ou atrás dele, candidatos a colunista de jornal que pretendem escrever algo que convença de que possuem talento, todas estas pessoas estariam em maus lençóis não fosse o nosso curso.

O SPG através dos TEMPOS:
A História confirma que técnicas rudimentares, semelhantes ao SPG, foram largamente utilizadas através dos tempos, quase sempre safando os seus usuários. Fala-se que Ounfh, um homem neolítico, foi o primeiro a utilizar o SPG primitivo, convencendo, com um tagarelar desenfreado, um mamute enfurecido de que ele (o mamute) era uma lebre com mania de grandeza, que era para parar já com aquele exibicionismo todo, ora onde já se viu! Diz a lenda que o mamute ficou tão impressionado com a eloqüência de Ounfh, que nunca mais incomodou um humano, embora fosse visto perseguindo jovens lebres apavoradas para fins desconhecidos.
Também está registrada a existência de Uksunxputz (também conhecido por Uuu, ksnxptz ou ainda, 3U), um andarilho do deserto, que praticava seu poder de convencimento com as plantas raquíticas da região, persuadindo-as a lhe fornecerem frutas que não produziam.
Certa vez, 3U estava vendendo maçãs e melancias no mercado da cidade de Dafca, quando teve a idéia de aplicar suas técnicas de persuasão com humanos. O resultado foi catastrófico para a população que, hipnotizada pela verborréia, baniu o rei e elegeu 3U como soberano de toda região. Sem nunca parar de falar, convenceu a todos os homens de posses que lhe doassem suas riquezas (camelos, vinho e mulheres com quadris largos) e ainda raspassem a metade direita do bigode e a sobrancelha esquerda o que, parece, fazia 3U rolar de rir.
Um dia, entretanto, 3U sofreu do único mal que um enrolão jamais pode ter: ficou sem voz. Ao se aperceberem do ridículo que estavam passando, a população enfurecida invadiu o palácio sem precisar arrombar os portões: atravessou o muro e a parede, aprisionou e condenou 3U ao mais terrível castigo da Época: a Lapidação por Cegos™, em que o sujeito ficava encarcerado em um grande pátio com um peso atado aos pés junto com doze cegos que, ao soar da trombeta cerimonial, começavam a atirar pedras para todos os lados. Ao acertar o condenado, este invariavelmente daria um “Ai!” de dor, denunciando sua posição ao grupo, tendo assim uma das mais lentas e dolorosas mortes. Caso não houvesse cegos em número mínimo legal, cegava-se algum escravo, ou mudava-se a lei, o que estivesse mais à mão. A falta de voz de 3U só aumentou seu suplício, fazendo com que os cegos errassem muito do alvo, demorando sete dias para terminarem sua missão. A cidade de Dafca tomou uma resolução drástica: nunca mais negociou com gente do deserto que vendesse melões.
Os romanos citam o perigo do uso da “Multiplae Maldita Verba” que, segundo o historiador Tito, o Pederasta (séc. II a.C., com ilustrações do Laerte e introdução do Veríssimo), nunca foi utilizada pelo Império por que “Se somos assim sem ela - por Júpiter! - imagine usando-a! Se Roma conquistou tudo com o braço, o que não faria com a língua?!”.
Legada ao esquecimento, a prática só apareceu novamente no séc. XII, com a figura de Elesbão de Lábia, um cruzado que encontrou nas ruínas de um antigo templo semita em Jerusalém, o manuscrito intitulado “A Empulhação de Levi Sharon, aquele safado!” revelando todos os segredos do “pecado de sacanear o próximo”. Rapidamente pondo em prática aquilo que descobrira, Elesbão virou rei de Jerusalém por três semanas, quando foi pego vestindo, talvez por engano, uma armadura que já continha um soldado dentro. O fato foi muito mal-visto por todos e nem toda a fala do mundo convenceu os irmãos em armas de Elesbão a dormirem no mesmo palácio que ele. Elesbão retirou-se de cena rapidamente, levando consigo o soldado da armadura (estranhamente, Tito, o Pederasta).
Elesbão não consta na lista histórica de reis de Jerusalém, mas existe um documento que cita uma mal-afamada rainha barbuda, “Bona, a Brevíssima”, contemporânea do infeliz cruzado, possivelmente sua esposa, o que eu duvido.
Já no séc. XX, durante a 2a Guerra Mundial, o alto comando nazista pesquisou o controle das massas através da fala, incluindo, por exemplo, o estudo sobre um bem sucedido vendedor de fraldas descartáveis, Hermann Spretzgrossashloh, conhecido como Hermann, o tratante, mas a pesquisa foi interrompida quando se descobriu que a fralda descartável ainda não havia sido inventada.
Foi um soldado americano, Billy Johny Smith, também conhecido como “Metralhadora Johny”, “Vitrola Smith” ou ainda, “Billy Papagaio-de-Puta”, quem realmente fez sucesso com o que ele chamava de “Bullshit”. Vendeu, através das linhas inimigas, para os soldados alemães “chicletes americanos modernos”, para pôr no ouvido que, segundo ele, em duas horas começava a se sentir o sabor pelas orelhas. Não se sabe quais foram os argumentos de Smith, mas um pelotão nazista inteiro caiu nessa, sendo totalmente dizimado pelos aliados em minutos sem entender nem ouvir nada. Smith tornou-se um dos maiores responsáveis pela conquista do pequeno vilarejo de Gross Valhalla, rota principal do pão-de-ló que Hitler adorava, causando uma crise no Alto Comando.
É claro que estes métodos são muito rudimentares em relação ao moderno SPG, em que foram adicionados conceitos de Física, Fonoaudiologia, Expressão Corporal, Balé e Capoeira, tornando o spgista um técnico altamente capacitado em desviar literalmente de tudo que desejar.
Alguns tipos de SPG:
Na modalidade militar (cód.1964), por exemplo, a prova final consiste em ser colocado em um poço profundo e estreito, no qual se joga uma granada sem o pino, com o candidato a spgista tendo quatro segundos para convencer a granada a não atingi-lo com os estilhaços ou (no caso dela não querer conversa), desviar de todos os pedaços arremessados com a explosão. O diploma "cum Laurea” é concedido àquele que conseguir confundir tanto a granada a ponto dela não lembrar como é que se explode. Curiosamente, este é o curso de SPG menos procurado, sendo preferido o SPG Espiritual (cód.666), em que o aluno aprende a provocar alterações na percepção dos que estão próximos, causando-lhes súbitas revelações, como visões, êxtases e transferências de fundos para a conta do spgista.
O mais comum, entretanto, é o módulo básico (cód.171), em que o cursando no final deverá estar apto a, entre outras coisas, convencer a esposa de que o fato de estar só de meias com a secretária na sala de reuniões faz parte de uma nova forma de confraternização da empresa; explicar gráficos* dos quais não faz a menor idéia; obrigar seu chefe a assumir em público, no próximo jantar da firma, que adora colecionar fotos do Pedro Malan, etc.
*Obs.: Todos os nossos gráficos informativos são distribuídos gratuitamente ao final do curso e já vêm na escala Pombo, que vai de zero a algo (ou a lugar algum), e se adaptam perfeitamente a qualquer explicação.
Também muito interessante é o curso especial (cód.007), no qual se aprendem as mais sofisticadas formas de tumultuar o raciocínio alheio, como a de oscilar lentamente o corpo numa freqüência que causa sonolência e a estranha sensação de que o narrador está ficando translúcido, fora de foco e com a voz do Darth Vader.
Todos os nossos módulos incluem aulas com o professor Cambota, de Expressão Corporal e Fisiologia, mestre e doutorando em ataque epilético e cardíaco, para a improvável hipótese do spgista não convencer com argumentos e poder sair de cena com um pouco de dignidade.
Caso você não fique satisfeito após o final do curso, nós lhe garantimos a devolução de todo o seu tempo!

Confira outros cursos e palestras ministradas este mês pela Pombo&Taube Corporation:
- “Fugas e escapadas” com o mestre ninja Tetsuo Tofora;
- “Como ganhar dinheiro dando palestras inúteis” com os professores Limberger e Avancini, PhDs em SPG;
- “Auto-felatio™: Masturbação ou Homossexualismo?” com Titi Calígula dos Santos, psicoterapeuta e contorcionista.

Obs. A lapidação por cegos™ e o Auto-felatio™ são marcas registradas da Pombo&Taube Corporation, sendo expressamente proibida a prática, divulgação, tentativa, e/ou demonstração pública sem que um representante da empresa esteja presente para filmar tudo e rolar no chão de tanto dar risada.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

EU SOBRE EU/MIM MESMO ou APRESENTAÇÕES

Pré scriptum: este texto foi criado quando ainda morava em Porto Velho, Rondônia, antes de trocar a faculdade de Direito pela de Administração e de me apaixonar por uma mulher 27 anos mais jovem - a Camilinha - nossa filha.


Nasci em Bagé em 1978 no dia 30 de dezembro (sob o signo de complicórnio com ascendente em capivara), devoto de São Luis Fernando Veríssimo, amém. Passeei um pouco em São Sepé, morei algum tempo em Porto Alegre e deveria ir morar no Rio de Janeiro, mas algo deu errado no caminho e eu vim parar em Porto Velho. Acho que a Simone (meu co-piloto e esposa nas horas vagas) se atrapalhou com o mapa e nós dobramos errado em alguns cruzamentos, ou ela fez a coisa de propósito, o que eu desconfio. (Confesso que adorei o erro!)
Sempre fui um guri leitor, desses que ficam na biblioteca na hora do recreio em vez de ir correr atrás de uma bola. Aliás, quero aqui responsabilizar publicamente o Veríssimo por não permitir que eu me tornasse um rico e famoso jogador de futebol. Ou um mero jogador de qualquer coisa, já que, depois que fui apresentado a um livro dele (um “Ed Mort” da minha mãe, aos nove ou dez anos de idade), só queria saber de ler e não achava tempo para subir em telhado, brigar na rua, fazer atrocidades com animais, enfim, ter uma infância normal.
Eu precisava escolher alguma carreira em que pudesse utilizar toda aquela ironia e humor fantásticos, aquele deboche discreto, que faz a gente gargalhar por dentro, por isto escolhi o Direito.
Antes de me formar, fiz o Curso de Mestrado em SPG (saltos, pulos e gambetas), nos churrascos (Muh!) da turma lá no pátio da casa da minha mãe, atingindo vinte e cinco graus na escala Pombo (que vai de zero a algo), com a carga alcoólica de três horas-cerveja por semana. Sou também um grande fã do texto leve e informal do David Coimbra; da crítica cáustica e deliciosa do Diogo Mainardi, do humor debochado e non-sense do Wood Allen e das baladas sangrentas do “Tequila Baby” (Yeah!!), por isto, já aviso que se alguém achar que o meu texto é influenciado por alguém desta turma, vai me deixar o cara mais feliz do 3º mundo, que do planeta deve ser o dono da Playboy!
Abraços e boa leitura!