sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

ABSURDOS

Acabei de assistir na televisão uma coisa que fez a humanidade cair um pouco mais no meu conceito: um agricultor da Bahia se revolta contra o deputado que havia prometido instalar eletrificação rural na região do seu sítio e, vinte e cinco anos depois, resolve tomar uma medida drástica: muda seu voto! Que me perdoe o Código Penal, mas o ideal seria ir até a Assembléia Legislativa e dar uma surra de relho de cola de tatu no lombo do deputado, e depois no agricultor! Afinal, o que mais me indignou foi o fato de que só depois de VINTE E CINCO anos, o tal eleitor muda o seu voto. Na ponta do lápis: um deputado estadual tem um mandato de quatro anos, caso o digníssimo deputado tenha sempre se reelegido, o cara votou, no mínimo umas seis vezes no mentiroso!!!
Tive em Bagé, no curso de Direito, um professor que defendia a idéia de que, sob determinadas circunstâncias, a vítima era tão culpada quanto o criminoso. Ele citava o exemplo do cara que é assaltado ao passear por uma rua sabidamente mal freqüentada e pouco iluminada, contando uma quantia de dinheiro em voz alta. - Quer dizer, esse “tá pedindo!” - dizia o mestre. É o mesmo caso do eleitor que não confere o que o seu político faz com o dinheiro público, seja ele do legislativo ou executivo. Esse também “tá pedindo”.
De quem é a culpa? Do político que percebeu que, mesmo não cumprindo nada, sempre poderia contar com a eterna paciência do, no mínimo ingênuo (para não dizer otário), eleitor, ou é do “pobre votante” que viu a sua confiança desmoronar eleição após eleição após eleição após eleição após eleição após eleição(ufa!), por um período maior que um terço da vida média de um brasileiro? E a criatura sempre no escuro, até hoje sem luz em casa!
Dá até para fazer um filme sobre a corrupção na política como resultado da pasmaceira dos eleitores. A cena final seria linda: o Eleitor chocado com a falta de seriedade do Político se revolta e solta um grito de dor e fúria com os braços erguidos para o céu em meio a uma tempestade, (com a câmera dando um giro de 360o em torno do furioso, pegando detalhes do rosto alterado pela luz dos relâmpagos). Na seqüência, o Eleitor saindo com um sorriso confiante da urna eletrônica, achando que fez justiça um quarto de século depois.
Corta para o político recebendo a notícia, de um de seus entristecidos assessores de que não foi reeleito. Faz uma cara de quem diz “é, a vida é assim mesmo”, prepara as malas e vai viver em Miami com o dinheiro de vinte e cinco anos de desvio de verbas da eletrificação rural. Lindo não é?

Um comentário:

Bláh Limberger disse...

A notícia que gerou este texto foi veiculada há uns três ou quatro anos atrás, no Jornal Hoje.